25 nov Uma breve história da guitarra no Brasil
O Brasil desenvolveu ainda na década de 1940 um protótipo de guitarra chamado pau de corda, uma espécie primitiva da guitarra elétrica cujo objetivo era solucionar as questões de realimentação dos trios elétricos do carnaval baiano.
Esse instrumento possuía um braço com quatro cordas assim como um cavaquinho e afinação de bandolim. Não havia caixa de ressonância apenas um captador fixado sobre um corpo sólido. Esse instrumento primitivo brasileiro chamado pau de corda aprimorou-se até estabelecer-se como guitarra baiana.
A guitarra elétrica norte-americana ingressou na música brasileira na década de 1960. Através dos festivais da TV Record houve um guitarrista argentino da banda Beat Boys Tony Osanah que apareceu com o invento norte-americano interpretando ao lado de Caetano Veloso o sucesso “Alegria, Alegria”, uma composição símbolo do que foi chamado de Tropicalismo.
O Brasil não criou o instrumento internacional, esse invento fica de fato para os norte-americanos, a guitarra baiana é realmente outro instrumento.
No entanto o Brasil da antropofagia transformou a linguagem da guitarra elétrica consolidando estilos, gêneros, formas, e aspectos da música que se faz por aqui. A guitarra foi introduzida na canção se diluindo em todos os gêneros e ritmos, renovando de fato nossa música e o próprio instrumento. A guitarra elétrica ingressou ao fazer musical brasileiro modificando e sendo modificada.
Evidentemente o Brasil – o país do violão, teve resistência ao invento e a introdução do instrumento em nossa música. Algo que gerou até passeata que na verdade criticava mais que o instrumento, criticava o imperialismo norte-americano – esse que intervém nos países até hoje.
Nessa passeata participaram nomes como Jair Rodrigues, Elis Regina e até mesmo Gilberto Gil – que a seguir tanto fez pela guitarra no Brasil conversando, por exemplo, com o reggae de Bob Marley.
E mesmo ao passar da resistência em meio a ditadura militar brasileira, a guitarra respirou, e como em todo mundo prosperou. Como não valorizar um Heraldo do Monte?
Lanny Gordin, Hélio Delmiro, Toninho Horta, Olmir Stocker, são nomes de uma primeira geração de guitarristas brasileiros elétricos que desenharam o estilo do instrumento no Brasil.
Pepeu Gomes e o instrumento dos Novos Baianos. Sérgio Dias e e os Mutantes. Luís Carlini nos discos da Rita Lee, da década de 1970, para um segundo paradigma do instrumento onde alguns caminharam em transposição, como o próprio Roberto Menescal – que atuava como violonista em grupos de jazz, também com o tempo transformou-se em guitarrista.
Para 1980…
Na década de 1980, Paulo Bellinati tocando guitarra no grupo Pau Brasil, é uma referência ao estilo da guitarra elétrica no Brasil.
Existe uma linhagem da guitarra brasileira. E existe também o ROCK nacional, onde surgiram diversos nomes como Kiko Loureiro que hoje atua no Megadeth e Edu Ardanuy, ou voltando um pouco mais ao início da década de 1980 com Herbert Vianna e Edgar Scandurra – dos Paralamas do Sucesso e do Ira! respectivamente.
Tal qual existe uma geração que se dedica diretamente ao jazz nos dias de hoje, seguimos ao ROCK, ao POP, e também para muita música brasileira.
No Souza Lima, ou melhor a Faculdade Souza Lima, oferecemos o bacharelado em instrumento com ênfase em guitarra elétrica. É um programa onde se estuda a guitarra aplicada ao jazz e na música brasileira. Um programa diferenciado que incentiva a ação do estudante em práticas de bandas. Saiba mais aqui!
Eu, João Marcondes, por exemplo, sou guitarrista. Tenho álbuns onde todo exclusivamente guitarra elétrica.
E tenho produzido conteúdo também para o instrumento entre aulas e arranjos. E me sinto contente que esse infográfico sobre a história da guitarra no Brasil, seja o primeiro. O intuito desse trabalho é muito simples: orientar os ouvidos de quem pretende conhecer a música feita no Brasil com esse instrumento.
#VemProSouzaLima
Publicado em 2018, ampliado e revisado em 25 de novembro de 2020.