Quero ser Músico Entrevista: Wagner Barbosa

Quero ser Músico Entrevista: Wagner Barbosa

Um músico muitíssimo requisitado, o curitibano Wagner Barbosa vem atuando intensamente na preparação vocal dos estudantes ou profissionais – artistas consagrados da música brasileira, em seus discos. Atuou diretamente na direção vocal de um disco recente da cantora Gal Costa. E ainda atuou na mesma atividade musical com nomes como Marcelo Jeneci, Maria Gadú, Criolo e Roberta Sá.

Wagner Barbosa é um compositor requintado, e artista de três discos solos lançados. Eu, João Marcondes, produzi dois deles, Amanhecer e Amanhecer ao vivo. Belas obras.

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Entrevista:

Nome: Wagner Barbosa

Cidade Natal: Curitiba – Paraná

Ano de Nascimento: 1980

Instrumento: voz, violão e guitarra

Formação Acadêmica:Engenharia Elétrica, Pós-graduação em música pela Faculdade de Artes do Paraná, Formado em Violão Popular pela antiga ULM – hoje EMESP. E Professor certificado nível avançado no método internacional IVA (ensino de técnica vocal)

1) Em que ano iniciou sua atuação como músico profissional? E quais áreas atua diretamente como músico profissional?

2000; Cantor, preparador de voz, violonista, guitarrista, arranjador, diretor e produtor.

3) Como foi se estabelecer violonista, compositor, educador musical/preparador vocal?

O violão sempre esteve presente na minha vida desde os 8 anos de idade. Isso acabou por me dar um norte nos estudos musicais me guiando até a minha formatura em violão popular pela EMESP.

Compor sempre foi mais intuitivo, sempre tentei compor algumas coisas. Lógico que a experiência e a troca com outras pessoas me levou a entender melhor o processo de composição de letra e música e hoje eu faço de um jeito mais claro, menos caótico (risos).

A educação de música como profissão começou por necessidade financeira, creio que isso acontece com muitos músicos. O que me diferenciou nesse sentido foi que entrei de cabeça nos estudos pra me tornar um professor melhor. Eu fui buscar a técnica vocal por necessidade pessoal, minha voz sempre foi um cavalo brabo difícil de lidar e com isso comecei a me especializar em dar aulas de canto.

Aliando a minha vontade de ensinar melhor com uma formação sólida de professor oferecida pelo, na época, método Speech Level Singing comecei a me destacar no cenário e daí pra frente a carreira tomou outro rumo. Hoje as minhas funções profissionais são, em mais de 90% ligadas a treinamento de voz e direção de gravação de voz em estúdio.

4) Em que momento experiências tão diversificadas na atuação do músico profissional convergem? 

Quanto mais andamos na vida musical mais percebemos que tudo ajuda em tudo. Qualquer formação complementa a outra. Qualquer experiência te abre um novo leque de entendimentos que, com um pouco de carinho, a gente leva pras demais áreas.

Um elogio super simples que ganhei de um super produtor certa vez foi: “É bom ter alguém que é músico como preparador de voz, alguém que entende de linguagem musical, alguém que sabe se colocar em uma sessão de gravação”.

5) Como a formação musical de violonista auxiliou na prática como compositor?

Na verdade acho que o que mais me ajudou foi tocar músicas de outras pessoas. Isso sim eu acho que conduziu e conduz meu pensamento como compositor. Sempre que quero compor algo eu começo a tocar músicas que gosto, ouço mais música. Vou buscando. Ter o violão mais afiado também ajuda e muito. Ter ferramentas disponíveis facilitam a vida, não é?

Com certeza.

6) Como foi atuar como preparador vocal em trabalhos tão diferentes musicalmente? Se possível exemplifique:

O preparador de voz, bem como o produtor, tem que entrar no universo do artista com quem está trabalhando. Tem que pesquisar, ouvir, trocar ideia, mergulhar e é claro tentar se cercar de informações e pessoas que possam tirar algumas dúvidas. Dessa forma o que o preparador de voz faz é buscar servir a música. Eu nunca tive medo ou problema com assumir que não sei algo, eu sou curioso, eu presto atenção no que as pessoas falam, eu ouço.

7) Como a formação do IVA contribui esteticamente com um trabalho artístico?

Esteticamente seria uma contribuição indireta do método. Bom, é meio lá meio cá. A técnica vocal vai apenas deixar a voz mais apta a fazer o que o estilo necessita, ou seja, vai deixar o instrumento pronto pra se expressar e dessa forma a estética pode aparecer com mais fluidez.

8) Partindo de uma visão acadêmica, como avalia a formação universitária oferecida aos estudantes no Brasil ao que se refere a preparação para o mercado de trabalho do músico profissional?

Eu acho a formação bastante limitada. Como sempre a universidade não está tão interessada em entender o mercado, o dia a dia do músico (que por ser autônomo tem que resolver todas as questões profissionais sozinho).

Há pouco esclarecimento sobre planejamento financeiro, planejamento de carreira e etc.

Falando mesmo sobre a formação musical em si há muitas lacunas importantes que não são vistas e outros assuntos menos usuais e práticos são explorados a exaustão. É um ditado comum: quem entra na Universidade para de tocar. Música é feita no palco.

9) Como foi o processo de transição entre a graduação em outra área, a pós-graduação em música e a vinda para São Paulo?

A transição foi relativamente tranquila pois eu já tinha alguma experiência e formação em música.

A vinda pra São Paulo eu devo a um grande músico, mestre e amigo chamado Conrado Paulino. Ele me convidou a fazer a audição pra entrada na ULM e isso mudou minha vida. Chegando aqui eu tive que achar jeitos de me manter e, de certa forma, era isso que eu precisava naquele momento. Eu precisava estudar música mais profundamente e precisava meter a cara na rua, tocar, tocar e tocar… Daí pra frente são os aprendizados do dia-a-dia dos músicos (que podia ser dado nas universidades): como negociar shows, como se comportar em diferentes situações como músico solista, também como músico acompanhante, como se preparar e se comportar pra uma gravação… é tanta coisa pra gente aprender.

10) Como o desenvolvimento do seu trabalho artístico contribui com a atividade de preparador vocal?

Continuar sendo artista me mantém com um pé na realidade. Sendo artista eu sei o que é me sentir inseguro sobre algo, sei o frio na barriga que dá investir em algo que amamos e acreditamos.

Ser preparador de voz é um trabalho que ajuda as pessoas a realizarem ou continuarem a realizar sonhos de vida, de carreira. Não quero nem posso deixar de estar nesse lugar, eu realmente amo os dois lados.

Caríssimo amigo Wagner Barbosa, agradeço muito a entrevista. E sempre muito feliz por seus êxitos. E muito orgulhoso.

A contribuição com uma nova geração de músicos profissionais, melhor formada, mais informada, é um legado que com certeza temos em comum.

Grande abraço

João Marcondes

Entrevista realizada por e-mail em 4 de junho de 2018.

Essa publicação foi atualizada em 30 de maio de 2022. Vamos em frente!

#VemProSouzaLima