Quero ser músico entrevista: Óscar Stagnaro

Quero ser músico entrevista: Óscar Stagnaro

A série Quero ser músico segue procurando caminhos, verificando, pesquisando, certificando artistas, e histórias, que acrescentem ao vocabulário e plano de metas do futuro músico.

Hoje em nossa publicação Óscar Stagnaro – uma honra!

Óscar Stagnaro é contrabaixista e educador peruano, docente da Berklee College of Music. Diretor da Berklee Latina. Parceiro do Souza Lima no projeto CLAEM onde assina a direção artística,  e também é idealizador em conjunto ao professor Antônio Mário, que também foi entrevistado da série!

Óscar é dessas figuras iluminadas, bom papo, cabeça aberta, sempre disposto e curioso a aprender (como se tudo o que já sabe não fosse incrível!).

É um prazer tê-lo aqui em nosso BLOG! Um prazer imensurável!

A entrevista foi realizada em espanhol, e traduzida ao português da melhor maneira possível!

ENTREVISTA

Nome: Oscar Stagnaro
Cidade natal: Lima, Peru
Ano de nascimento: 5 de maio de 1953
Instrumento: Baixo
Formação acadêmica: Conservatório de Lima – Peru
Cursos na Berklee College of Music de Arranjo e Harmonia.
Formação Livre: Estudos com Jerry Bergonzi, Mike Marra em Improvisação, Harmonia, Teoria e Composição.

 1) Em que ano você iniciou sua carreira como músico profissional?

1970 em Lima, Peru

 2) Que áreas você age ou age diretamente como músico profissional?

Músico profissional desde 1970 em gravações de jingles, gravações comerciais para cantores, grupos de Jazz, composição, apresentações, arranjos, produção de shows, coordenação de eventos. Produção de gravações. Educação – Professor de bandas no New England Conservatory, e Professor da Berklee desde 1988.

Diretor Executivo da Berklee Latino, Assessor de Estudos Latinos Menores da Berklee. Vencedor de 6 Grammys e 9 indicações, autor do livro Baixo Latino publicado por Sher Music, Autor de Slap afro-cubano publicada por Hal Leonard, co-autor de Grooves essenciais publicados por Sher Music. Criador de Bass in Live (Programa de baixo que inclui Master Classes e Concurso de baixistas).

3) Como você avalia a formação do músico peruano nos dias de hoje? Como foi sua preparação para a viagem aos Estados Unidos? E como se estabelecer como músico tão bem sucedido em um novo país?

O músico peruano tem um talento natural que lhe permite ter a diversidade e habilidade necessárias para atuar em nível internacional.

As escolas de música criadas recentemente permitirão acesso a informações sobre teoria, harmonia, composição e arranjos. Isso vai compensar com as novas gerações.

A diversidade musical da música tradicional peruana é rica em seu conceito melódico e rítmico e precisa de uma expressão contemporânea para torná-lo conhecido no mundo.

Temos também outros gêneros de música tropical conhecida como “Chicha”, que é criado no Peru com influências de Huayno, Cumbia, corrente musical que representa um grande setor da população. Eu tive a sorte de tocar com grandes músicos peruanos e às vezes com alguns alunos peruanos graduados de Berklee. Depois o Conservatório e a carreira profissional de Gravações e Performances que me permitiram adquirir uma experiência de valor incalculável.

4) O músico peruano está mais pronto para atender o mercado musical do que nas décadas anteriores? Novas instituições surgiram?

Devido às opções de ferramentas de música encontradas na internet, livros, escolas online, etc, o músico tem uma preparação diferente em relação a quando eu vivi no Peru.

Mas o importante para cada geração é encontrar sua própria voz no instrumento que você toca, não perder sua identidade, ser criativo e ter um som diferente que possa ser reconhecido. Desenvolva o gosto musical e componha sua própria música.

No Peru, além do Conservatório Nacional de Música, existe a Escola de Folclore Maria Arguedas, e nos últimos 10 anos várias Universidades criaram programas de música. Temos a Universidade Católica do Peru (PUPC), Universidade de Ciências Aplicadas (UPC), Universidad San Ignacio de Loyola (USIL) Escola EMCA de Arequipa, Escola de Música”Vivace”! São muitas!

5) Sendo diretor artístico e coordenador do CLAEM, como verifica que as ações que incluem a ALAEMUS contribui para o coletivo de escolas de música na América Latina?

Essa iniciativa nasceu em 2006, durante a Conferência “IAJE” no Canadá, com o professor Mário Cunha, do Conservatório Souza Lima, em São Paulo.

Através da minha experiência como professor da Berklee eu tive a oportunidade de ter contato e produzir projetos, concertos, master classes com os estudantes da América Latina. Sempre tive o sonho de constituir uma rede de escolas na América Latina para facilitar o estudo em vários países, e essa experiência para um estudante é super valiosa.

Eu compartilhava o mesmo sonho com Mario, foi o encontro perfeito. Definimos que eu teria a tarefa de entrar em contato com as escolas na América Latina, onde a cada Master Classes já ia propondo esta iniciativa de modo que em 2009 o primeiro CLAEM ocorreu em São Paulo.

A rede ALAEMUS criada através do CLAEM têm beneficiado mais de 6.000 alunos de 32 escolas afiliadas na Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, México, Peru, Porto Rico, República Dominicana e Venezuela.

Tudo está ligado, música e cultura de cada país é o principal objetivo da divulgação e da proposta do estudo, a motivação para estudar em diferentes ambientes será a plataforma para o aluno a adquirir uma informação global que lhe permite espalhar seu pensamento localmente e internacionalmente, beneficiando as escolas na troca de material didático.

6) Como é dividir as atividades de educador e instrumentista, viajar, participar de festivais em todo o mundo? Como manter os estudos e organizar a prática docente?

Requer organização e eficácia, trabalho em equipe e um alto nível de eficiência. Criar projetos, desenhar um plano e consistência no trabalho para atingir os objetivos. Organizar o material para ensinar, ficar com o estúdio para criar novos cursos, Graças a Deus as oportunidades e a preparação que tive de manter estas situações me permitiu continuar.

 7) Quais projetos artísticos estão sendo realizados por você no momento?

Escrevendo livros, Produzindo Bass Live, escrevendo música e arranjos próprios, estudando piano. Eu tocando em Festivais com meu grupo, com Paquito DiRivera, resgatando a música Big Band escrito por Rafael “Pocho” Purizaga, também atuando na produção e coordenação de master classes e concertos na Berklee Latina. De fato muita coisa!

Caríssimo Óscar, muito obrigado por dividir essas experiência conosco!

A formação dos estudantes, cada dia mais preparados para o mercado é uma luta que temos em comum.

Obrigado!

João Marcondes

Entrevista realizada por e-mail em 17 de setembro de 2018.