30 maio Quero ser músico entrevista: Alessandro Penezzi
Um exímio instrumentista. Compositor. Destacado internacionalmente pela performance ao violão! Quem?Alessandro Penezzi!
Ele que usufrui dos elementos primordiais da música brasileira quanto a expressividade, do choro, do regionalismo. Da técnica apurada do violão flamenco: Alessandro Penezzi é o notável da semana da série Quero ser Músico Entrevista.
A consolidação de um músico diferenciado se estabelece na aplicação e estudo diário. Vamos conhecer o ponto de vista de um instrumentista de muito valor.
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Nome: Alessandro dos Santos Penezzi
Cidade Natal: Piracicaba
Ano de Nascimento: 1974
Instrumento: Violão, bandolim, violão tenor, cavaquinho, bandolim, flauta transversal
Formação Acadêmica: UNICAMP, Música Popular; Pós-graduação em Música Popular na Faculdade Souza Lima.
1) Em que ano iniciou sua atuação como músico profissional?
Eu comecei a tocar muito cedo… E com 12 anos já tocava profissionalmente em bares da cidade de Piracicaba (interior de São Paulo).
2) Quais áreas atua diretamente como profissional da música?
Minhas principais área são composição musical, intérprete (instrumentista/solista) e professor.
Como compositor, trabalho com trilhas sonoras, como é o caso do premiado Cartoon da Gloob – SOS Fada Manu. A trilha é toda baseada em Choro e suas ramificações.
Como intérprete, trabalho basicamente minhas composições para violão, mas também faço transcrições de outros compositores.
Já lecionei em diversas escolas, festivais, oficinas, no Brasil e em outros países. Mas atualmente, criei um Curso de Violão online que está sendo uma ótima experiência. Acredito que para os estudantes também pois atualmente estamos na sexta turma com 500 alunos.
3) Como foi se estabelecer violonista, intérprete de sua própria obra, artista?
Nunca pensei muito à respeito disso. Eu sempre gostei de reproduzir as músicas que ouvia, aquelas que me agradavam, claro. Até hoje eu sei muitos temas do violão “clássico” que aprendi com meu mestre Sérgio Belluco.
Aquelas músicas tão líricas e bem construídas me hipnotizavam, de alguma forma eu gostaria de as ter composto.
Gostava de brincar de ser como os grandes… Segóvia, Dilermando, Raphael, Paco… Pouco pretensioso… Mas fazia parte da inocência infantil.
Pelo lado do Choro, queria ser como Jacob, Waldir, Pixinguinha…
E, minha grande inspiração, meu mestre Belluco, a quem eu imitava sem saber, ele foi o responsável por todo o movimento musical em mim.
Ele compunha suas músicas, as transcrevia, tinha uma organização tal e a caligrafia mais linda que já vi.
Eu queria ser como ele. Então, comecei a imitar. Quando dei por mim, já tinha composto muitas coisas, e a maioria delas, inspiradas ou em homenagem a ele.
4) Como o trabalho de músico acompanhador contribui com o desenvolvimento do instrumentista?
O músico acompanhador desenvolve a percepção dinâmica harmônica como nenhum outro.
No contexto da Música Brasileira, o Choro por exemplo, cuja riqueza da forma, das texturas, da harmonia, do contraponto, o acompanhante é obrigado a desenvolver um ouvido muito bom, esperto, perspicaz e seletivo. Temos muita informação aqui.
Fora isso, muitos outros aspectos técnicos são desenvolvidos como o senso rítmico, resistência, força, sonoridade, criatividade. Em resumo, o trabalho de acompanhador é de extrema importância para a formação e desenvolvimento do músico de maneira geral.
5) Como a formação musical de violonista auxilia na prática como compositor?
Eu tenho algumas formas peculiares de compor. Gosto de usar somente um caderno, ou gravador para cantarolar a música.
As vezes componho utilizando o violão quando quero buscar uma técnica específica, ou ornamento impossível de cantar ou mesmo uma progressão inusual.
Caso contrário, gosto de me arriscar sem o do instrumento. Ele sempre acaba sugerindo muito mais caminhos do que eu gostaria. A digitação é muito influenciadora…
6) Como a formação da UNICAMP, que tem prioritariamente a tendência à música improvisada – jazzística, contribuiu com o desenvolvimento como músico profissional?
A visão jazzística da Unicamp é bastante apregoada pelo curso de Música Popular. No ano que entrei, em 2005, era praticamente o que existia de MPB. Eu fui um dos primeiros alunos a tocar choro na faculdade. Havia raros violonistas, e mais raros ainda os que se interessassem por choro.
Eu tentei aproveitar ao máximo a visão jazzística que era oferecida na minha época. Além de ser uma de minhas lacunas de formação, os professores era muito bons e meus amigos.
7) Partindo de uma visão acadêmica, como avalia a formação universitária oferecida aos estudantes no Brasil ao que se refere a preparação para o mercado de trabalho do músico profissional? O estudante formado sai pronto para atuar nas variações que o mercado oferece?
A formação de um músico profissional está muito mais atrelada à sua própria vontade do que outra coisa. Ele tem que o praticar muito para tocar bem, buscar conhecimento e formação, ser empreendedor para poder gerir sua carreira.
As universidades podem apontar o rumo mas a caminhada é do estudante.
8) Levando em conta seus álbuns – em duo com violão, saxofone e clarinete, trio com baixo e bateria, solo ou em regional de choro, como o instrumentista deve realizar seus estudos para atuar em tão diferentes agrupamentos musicais?
Eu nunca premeditei o que fiz em música, as coisas iam aparecendo e eu simplesmente fazia. Não quer dizer que não venha a fazer isso (premeditar).
Alguns dos meus discos foram sugestões do meu produtor na época, o Capucho.
Foi dele a idéia de fazer um disco com clarinete ou sax, Alexandre Ribeiro e Proveta. A formação era mais fácil de ser trabalhada por ser somente dois músicos.
Em trio foi sugestão dele também. O baterista Alex Buck e o baixista Sizão Machado me remetiam ao trio do Baden Powell e isso me animou muito.
O grande senão para tocar nessas formações é ficar na dependência de boas unhas. As minhas, por exemplo, gastam muito fácil. Sendo necessário colocar postiças.
9) Qual a rotina de estudos que o instrumentista solista necessita diariamente?
Eu gostaria de ter uma rotina muito maior que disponho, mas infelizmente não tenho podido. Acho que ao menos umas quatro horas, são necessárias.
10) Como o desenvolvimento do seu trabalho artístico contribui com a atividade de educador que exerce nas aulas particulares e no canal do youtube?
Particularmente eu baseio muito da minha atividade como educador no meu trabalho artístico.Seja transcrevendo minhas composições, ou sugerindo que estudantes o façam.
Quando componho, às vezes acabo inventando algo novo ou utilizando técnicas híbridas.
Isso requer uma nomenclatura condizente.
Alessandro, muito obrigado.
Eu que agradeço.
A contribuição com uma nova geração de músicos, sem dúvida será nosso legado.
Um abraço. João Marcondes.
Entrevista realizada dia 17 de junho de 2018, por e-mail.Essa publicação foi atualizada em 30 de maio de 2022. Vamos em frente!
#VemProSouzaLima