07 fev Quero Ser Músico Arranjador
Arranjador é a atividade do músico que concebe ou propõe releituras para uma obra de outrem, sendo preliminar a ação de reinterpretação, releitura e até edição.
Do arranjador então espera-se propor estilo, instrumentação, forma ou estrutura, andamento e rítmica. Pesquisa e conhecimento.
Dá pra crer? Eu até para tango já escrevi arranjo. Quer ouvir? Segue:
Arranjador é similar ao compositor de certo modo?
As funções do arranjador e do compositor estão no campo da criação, mas diferem substancialmente na concepção. Ambos se dedicam a uma criação original, e assim se espera, mas enquanto o arranjador flutua sobre um material melódico conhecido ou que foge a sua autoria preliminar, o compositor erudito compõe obras de maneira completa chegando até mesmo a orquestrar.
O arranjador na história
Na música erudita é comum que compositores iniciantes realizem adaptações para obras de outra autoria. A origem do arranjo está então primeiramente na adaptação. Uma canção que virou uma obra coral, ou uma melodia popular que o músico contribuiu com elementos ornamentais.
Outra atividade comum no século XIX na consolidação do mercado editorial e que perdurou até metade do século XX, e que envolveu a função e até de certo modo o desenvolvimento da carreira arranjador, foi a realização de adaptações de temas que acenderam a notoriedade para um instrumento em específico. O músico, por exemplo, realizando reduções ou até facilitações de uma obra para o piano, que naquele tempo possuía valor comercial.
Mas o que se espera do músico arranjador?
Ao arranjador na contemporaneidade se espera muito mais que uma adaptação. A função do arranjador se consolidou no Mercado Fonográfico, por volta da década de 1920 no Brasil. embora só o tenha registrado em encartes dos discos na década de 1950.
Aguarda-se desse música uma contribuição. Algo que marque ou que valorize e justifique a releitura ou a apresentação de uma nova composição.
Com o advento do mercado fonográfico, músicos compositores, eruditos, foram convidados a contribuir com os fonogramas. E hoje a ação de arranjo está mais para a música popular do que para a música erudita.
Partindo de uma composição popular com objetivo de ser gravada, os arranjadores concebiam uma instrumentação que a valorizasse. Ou uma forma, com um interlúdio instrumental, com um solo, com uma introdução e um coda de finalização. Uma modulação ao estribilho. Estava estabelecida uma nova carreira ao músico versado na tradição escrita, agora também interessado na música popular.
E quanto a formação?
Ao arranjador se espera um conhecimento harmônico, de instrumentação ou organologia, dos agrupamentos peculiares, dos estilos, e gêneros. Não há no Brasil universidades ou faculdades especializadas e que ofereçam uma graduação em arranjo. Fora do Brasil há.
Sugiro que o interessado na carreira do arranjo no Brasil realize bacharelado em instrumento – cuja a matéria arranjo compõe a grade curricular, principalmente em cursos populares; ou que realize bacharelado em composição, e a seguir se especialize em arranjo através de aulas particulares.
E realize cursos livres. No Souza Lima possuímos dois módulos.
Saiba mais aqui! Arranjos para pequenos agrupamentos.
Saiba mais aqui! Arranjos para agrupamentos médios.
Como sugestão para compreender a função do músico arranjador…
Procure uma canção muito popular e ouça diferentes versões, ali estão arranjos diferentes. Mas lembre-se de escolher uma canção muito famosa realmente, àquela inconteste e que de cara sabemos que foi registrada em centenas de fonogramas.
Por exemplo: “Garota de Ipanema” uma das canções mais famosas e gravadas do mundo. Procure um arranjo para violão, um arranjo para piano, um arranjo para orquestra, ouça o arranjo original que lançou a música na década de 1950, procure a versão de Frank Sinatra, uma versão com voz feminina, uma versão para big-band, etc…
Avalie cada momento. E confirme a contribuição fundamental do arranjador para o desenvolvimento da obra e por conseguinte da música ocidental.
Compreendemos o que é arranjo? Confesso que aos alunos que oriento, a função do arranjador é a mais complexa de se explicar.
Acompanhe o blog que por aqui sempre há novidades!
Regressaremos a esse tema em um segundo momento. E faremos sem dúvida algumas entrevistas com músicos que se destacaram na tarefa do arranjo e que poderão contribuir com a sua decisão de ser músico.
A função do arranjador é única. É específica. Há arranjadores excelentes que não compõem. E compositores eruditos que não se arriscam em criar um arranjo. Especialidades que conferem uma ótica perfeita para uma reflexão.
Vamos em frente! Sempre temos muito o que aprender!
E em nosso blog há entrevistas com arranjadores! Já leu? Comece pelo Rodrigo Morte – que leciona na Faculdade Souza Lima, e é arranjador da jazz sinfônica e uma porção de outros trabalhos! Ou pela Débora Gurgel – única mulher que escreve arranjos para jazz sinfônica de São Paulo.
Publicado em 01 de janeiro de 2018, ampliado e revisado em 14 de janeiro de 2020.
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