13 abr Quanto custa um arranjo musical?
Quanto custa um arranjo musical?
Recentemente indiquei um estudante de arranjo para uma empresa que atua em casamentos. Tratava-se de um ex-aluno que precisava de auxílio. O custo de um arranjo de cara é um problema para os diferentes usos que se pode ter a partir dele.
A primeira questão que precisa se estabelecer é do uso do arranjo. A encomenda de um arranjo demanda remuneração, e a prática estabelecida na relação comercial que estava por estabelecer-se no caso do aluno denotou que o arranjo seria para casamento – algo que se quem encomendava considerou menor.
Sim, mais básico, provavelmente, de fato seria. Embora eu creio na máxima de que o ápice da complexidade é a síntese. É ter a capacidade de fazer algo muito bom com poucos elementos, é de fato difícil. Aí começa o problema – teoricamente a síntese para esse trabalho precisa ser de um investimento maior, nunca menor, adquirido com muita experiência.
O segundo ponto está no uso. Um arranjo entregue para casamento pode ser utilizado muitas vezes – algumas músicas são repertório estável de cerimônias de casamento, e a empresa contratante poderia fazer uso por muitas oportunidades, que justificaria cobrar mais pelo trabalho.
Os dois pontos precisam ser observados. Há direitos autorais preservados por lei para a atividade do arranjador. Veja só!
Eu levo 40 minutos para levantar um arranjo para quinze instrumentos, e preciso cobrar de acordo por ter sido algo que adquiri com muita atividade e repetição, para não dizer dedicação apenas.
Calote? Ou oportunismo?
Recentemente em um projeto passei um orçamento de mil quinhentos reais para um arranjo de quarteto de cordas, diga-se de passagem não foi pago pelo contratante. Fui cotado para fazer um arranjo, acabei fazendo quatro e não recebi por nenhum deles. Coisa feia de se fazer com um colega. Feio.
Histórias a parte a contratação do arranjo era para uma única apresentação no momento da encomenda.
Na entrega o músico disse que seria um álbum, e depois passou que seria também um DVD.
Isso agrega valor a contratação, e o custo para o arranjo seria no mínimo o dobro. Com a produção fonográfica em CD e DVD o músico se beneficiaria mais do serviço contratado. O contratante poderia fazer outros shows, vender projetos, renderia mais maneiras no uso do arranjo – aí está a questão.
Esse trabalho custaria cerca de quatro mil reais, um arranjo de quatro minutos, se fosse encomendado de maneira clara e honesta.
Ao casamento o mesmo, um arranjo para ser usado muitas vezes cobraria dois mil reais – em algo para quarteto de cordas, com cerca de três minutos.
Arranjos pontuais, tudo bem, poderia cobrar setecentos a mil reais para uma instrumentação de seis instrumentos e dois ou três minutos de duração. Mas para gravação existe outro valor agregado, medido pelo quanto quem encomenda vai se beneficiar do trabalho.
Preço não se negocia, ou se paga ou procura outro profissional.
O contratante achou muito o que o aluno pediu. Complicado, eu mesmo sugeri ao aluno não fazer, porque a ação de fazer algo em preço absurdamente barato sucateia o mercado. Não podemos desvalorizar o bom trabalho.
Infelizmente histórias como essa se repetem pela ausência de fiscalização e de quem represente a classe. Todo ano chega boleto da Ordem dos Músicos, não que eu pague, mas trata-se de uma aberração inútil.
Cobre pelo seu trabalho o quanto ele vale para você, respeite o mercado, e seja feliz. E mesmo que seja seu melhor amigo fazendo um encomenda, faça um contrato.
Se quiser conhecer meu trabalho de arranjador procure um disco recente no streaming, João Marcondes – Canto Errante.
Você pode contratar meu trabalho para arranjos e aulas, me chama no instagram!