31 ago Quais as características do Funk Carioca?
Makulele e o Funk Carioca
Primeiramente esquece o que você viu com aquele Vinheteiro – o que ele escreve ou fala sobre o funk ou sobre música que fuja da pouca capacidade interpretativa e cultural que ele possui, é péssimo.
A internet faz com que pessoas com muito seguidores transformem opinião em informação séria. Esse cara não sabe o que fala.
Nas últimas décadas o Funk Carioca se consolidou internacionalmente. Um ritmo brasileiro vindo de uma manifestação folclórica, da capoeira marcial, coreografada, para uma dinâmica eletrônica.
A legítima música eletrônica brasileira está no funk carioca.
Antecipadamente devemos nos orgulhar do Funk Carioca, ou até melhor chamar de Funk Brasileiro e suas origens. O estado brasileiro destrói a estima dos moradores da periferia, que como pregando uma peça, devolvem em cultura a princípio as lágrimas que o estado rouba.
Funk, para esse pesquisador, eu, João Marcondes – especialista em mercado fonográfico brasileiro (vide minha dissertação de mestrado), é a música brasileira mais legítima surgida nos últimos 50 anos em nosso país.
Não espere algumas tradições do fazer musical brasileiro no funk, acima de tudo. Desde já não existe harmonia bossa-novista. E não há movimentos de baixo típicos do CHORO INSTRUMENTAL. Não existem instrumentações peculiares no funk, é um beat. Há melodia entoada de outra maneira.
E poesia é pra ler “bróder”, nem mesmo um texto com conteúdo poético acredito que um vinheteiro da vida leia.
De antemão adianto que esses elementos não fazem uma música melhor que outra alicerçada apenas em ritmo!
É uma música para dançar! Que cumpre a risca sua função!
O texto do funk carioca é o ponto mais criticado por quem busca tradições conservadoras. Obviamente, quando buscamos outros valores, esquecemos o vínculo cultural brasileiro no ritmo do funk carioca e nos movimentos de dança.
Entretanto nem tudo é canção. Nem bossa-nova é canção. A expressão musical do funk é diferenciada por se tratar de ritmo, é a música eletrônica brasileira que tem como matriz cultural o folclore brasileiro.
Maculele!
Antecipadamente, o Maculele é um folguedo dançado apenas por homens, coreografado com madeiras. Dançado no Brasil para a festa de Nossa Senhora da Conceição, congolês e moçambicano.
É então uma dança afro-brasileira acima de tudo. O Maculele surge substancialmente do estado da Bahia, nordeste do Brasil, no Espírito Santo e Rio de Janeiro – estados do Sudeste. Dada a ampla migração.
A dança visualmente, antes de mais nada, condiz mais com um movimento de sensualidade do JONGO -, há uma matriz de dança que dialoga com esse outro folclore brasileiro, outra manifestação popular.
O ritmo da maculele adaptado no final dos anos 1990, na contribuição eletrônica, tomou conta do audiovisual brasileiro, na televisão, no rádio. No entanto, a matriz do ritmo funk carioca permaneceu em contato com as manifestações folclóricas.
E fez à primeira vista e de maneira interessante a indústria fonográfica correr atrás. O funk nasceu alheio a indústria fonográfica brasileira, saiba disso.
Pode ser que um dia outras circunstâncias musicais a fim de se aproximem do gênero de outros aspectos do fazer musical brasileiro. Compositores como Chico Buarque e Tom Zé, primeiro, têm flertado com o ritmo do funk carioca nos últimos anos.
A música brasileira desde já, assim como a cubana, tem sido rica em matrizes folclóricas que alimentam a música popular urbana, nacional e internacional.
A princípio você sabia da origem folclórica da Maculele presente no funk carioca?
Agora sabe!
Embora, antes de mais nada é preciso admitir que a pauta dos que criticam o funk carioca é a do racismo.
Isso tem que acabar!
#VemProSouzaLima