Por que músicas ruins fazem tanto sucesso?

Por que músicas ruins fazem tanto sucesso?

Por que músicas ruins fazem tanto sucesso?

Apresentar conceitos técnicos para avaliar o que é uma música ruim, parece presunçoso e desnecessário.

Embora uma música ruim normalmente na definição de um leigo é uma música que não lhe agrada, há tantos fatores que cruzariam os argumentos, que vale tratá-los apenas para aguçar o sentido ao estudo, ou como mera idiotice.

Poderíamos falar de uma música pouco desenvolvida melodicamente, ou até apontar do abuso de clichês (heresia para os versados em composição!), e ainda apelar a harmonia pouco diversificada ou mal encadeada, para falar de uma música que seria pior que outra, mas isso é tão pouco inteligente.

Sucesso

Sucesso já é uma questão que não se pode discutir. Sucesso é um fator comercial, amplamente relacionada ao quanto se investe em marketing. E isso não define qualidade.

Vamos entender que a música é um produto. E um produto bem divulgado vende. E ainda comunica. Vamos estabelecer então que o sucesso é o quanto um produto é comprado. Como a nova fase do mercado fonográfico não destaca produtos físicos (CD, LP, Fita K-7), como outrora, vamos entender a compra como streaming, views e curtidas, como exemplo de sucesso.

No Brasil hoje, o mercado que move grande percentual da economia é o agronegócio, justo posto, a música sertaneja (universitária)m sofrência, está em evidência. E que bom, são ótimas produções.

O Brasil é o único país sulamericano a ter domínio pelas músicas mais ouvidas. Ou seja, são produções nossas as músicas mais ouvidas. Isso é sensacional. Então, já desconecta se você esperava ler aqui que sertanejo é ruim.

Tirando a paixão, leve em consideração que a música é um negócio, investe-se na divulgação de um produto (artista X, música Y), e com aplicação monetária amplia-se o cenário de vendas. Isso é sucesso, e como se envolve em bons profissionais, tem muita qualidade.

E vamos convir que as produções do sertanejo são impecáveis. Então há muita qualidade! Excelentes músicos atuam nesse nicho da indústria fonográfica.

Se há mais exposição na mídia – virtual, TV ou rádio – que ainda exerce influência nos rincões do Brasil -, é natural obter êxito comercial.

São músicas ruins?

Não, pelo contrário, utilizam fortemente do inconsciente coletivo e tratam do que se vive hoje. Agira no inconsciente coletivo onde imediatamente se compreende, as vezes após uma única audição, não faz uma música ser pior.

São códigos assimiláveis usados de maneira artística.

Isso é uma finalidade. Isso é uma técnica (ou estratégia) composicional de certo modo.

Uma música apurada tecnicamente (que utiliza variações, formas contrastantes, desenvolvimentos), levamos duas, três, cem vezes para decodificar em escuta apurada. E isso pode ser bem pouco inteligente para um compositor. Tom Jobim procurou ser popular, nada ali está de qualquer motivo, para ser difícil.

E mesmo assim nos surpreenderemos em dado momento. Mais processos a compreender também não faz uma música melhor.

Não há falha nesse processo.

Chegamos ao ponto de que cada música possui uma função. E o problema então não é a existência de um repertório que comunica imediatamente. Esse repertório tem uma finalidade de entretenimento, comercial ou até publicitária. Se diversão, tanto faz…

O que deve preocupar é a incapacidade ou ojeriza do público em qualquer repertório musical que exija mais de sua audição.

E aí está a questão: a educação musical deveria fazer parte de um processo maior da formação humana. Afinal a música está em tudo.

Certo disco meu um amigo leigo em música ao ouvir afirmou que era uma excelente trilha de filme de suspense. Mas era apenas uma música. Música pura.

Entendo que a música, dessas que a priori se considera boa (inacessível em uma única audição sem um bom bocejo, para humorizar para um leigo), é parte de “algo” para esses. Pode ser parte de um filme, uma peça de teatro, dança. Só se pode dizer ironicamente: pobre Bach! – ter sua música associada com trilha sonora.

Produção

É impossível falar de produção, e identificar o conceito de música ruim. A qualidade que a produção comercial atingiu nivela (e até supera!) em qualidade qualquer produto artístico, e independentemente de origem ou finalidade conta com músicos de alto nível e dos melhores recursos tecnológicos.

As afirmações então que faltam ao texto são:

Não adianta fazer uma música dita “ruim” esperando sucesso. É preciso investir em marketing, é um produto. Viralizar é um fenômeno ocasional.

Não adianta fazer uma música dita “boa” esperando sucesso com um investimento. O sucesso está atrelado a exposição tanto quanto a rápida assimilação. Viva o inconsciente coletivo então!

Pode-se resolver a questão da assimilação?

Sim, podemos com educação musical, mas que é algo que está fora da pauta da política nacional, infelizmente.

Conclusões ou Finalizações

Se você gosta de música dita “boa”, não se preocupe, o Brasil continua produzindo (e muito!) todo tipo de música, basta manter-se ativo e pesquisar.

Na década de 1980, 1990, procurávamos nas lojas as novidades, passando LP por LP, perguntando ao vendedor. Infelizmente esse tipo de lojas, que possuía um especialista no Brasil, acabou. Mas os especialistas existem e estão por aí em blogs ou ministrando classes! Vale aprender! Todo estudo é válido! Toda apresentação é válida!

Então para que a música dita “boa” mantenha seus ouvidos basta que sejamos menos passivos! Enquanto a questão da educação musical de base não se modifica, sejamos propulsores.

Mas reafirmo: não tenha medo da música que você considera “ruim”, pode ser seu gosto ou simplesmente nossa incapacidade de compreender que a música possui diversas finalidades.

#VemProSouzaLima