
07 mar Pelo Telefone é mesmo o primeiro samba?
Pelo Telefone é mesmo o primeiro samba?
Se observamos o que ouvimos na gravação lançada em 1917, imediatamente não.
No fonograma que é tratado como marco zero do Samba temos na verdade um maxixe em composição, instrumentação e arranjo.
É repetido que Donga e Mauro de Almeida são os patronos máximos do samba, mas a gênese final que agrupou o samba como o conhecemos hoje, sem dúvida ainda precisava de um elemento fino de marcação – como na introdução do Surdo e das melodias alongadas sobre o tempo, que como termo de linguagem musical chamamos de sincopada.
A melodia converge com o tamborim, o que em um conceito de tripé rítmico que costumeiramente utilizo em sala de aula, se estabelece como clave. E ao se estabelecer sobre o tempo se alonga causando uma sensação de movimento altivo. Propositor.
Observando a grade rítmica a uma influência binária constante, com até rufo em terceira subdivisão no primeiro tempo, e no segundo tempo uma marcação em primeira subdivisão. O samba como o conhecemos hoje não é assim.
COMPOSITORES
Dentre os compositores dessa primeira geração do samba que além Donga e Mauro de Almeida, ainda tem Sinhô, Bide, Marçal, tanto o acréscimo do surdo de marcação – uma espécie de bumbo de fanfarra vertido ao chão então, mais grave, e a melodia encravada em síncopas, se deve a Ismael Silva e o grupo de ritmistas e alegóricos da primeira escola de samba brasileira a “Deixa Falar”.
Nessa observação embora como produto fonográfico Pelo Telefone tenha inaugurada a prateleira chamada Samba, está longe de ser como composição artística e fonográfica o que conhecemos hoje como samba, sendo assim uma referência mais próxima ao Maxixe.