O que tem de especial na abertura de Stranger Things?

O que tem de especial na abertura de Stranger Things?

O que tem de especial na abertura de Stranger Things?

A brilhante série Stranger Things, do Netflix, como todos que já acompanharam sabem, possui uma referência direta aos anos 1980. E já na trilha de abertura a série, ou o compositor da trilha, propaga a referência oitentista! Veja só!

Na década de 1980 a influência de instrumentos sintetizadores, simuladores ou combinadores de timbres, pipocaram em gravações do mercado fonográfico internacional. Experimentalismo certo, que poderíamos apontar ao advento da música eletroacústica, e em vanguardistas como John Cage e Karlheinz Stockhausen.

Ouvir um fonograma da década de 1980 dotado de alguns desses recursos é algo habitual, sem dúvidas já passou por nossa percepção. A utilização desses recursos está marcada no tempo. A trilha sonora sublinha, grifa uma cena, tanto quanto restabelece a imagem a determinado período. Aí está um brilhantismo da série!

Claro, que algumas trilhas famosas cometem erros impressionantes na utilização da arte dos sons para compor a sétima arte: o cinema. Mas em Stranger Things não! A utilização foi perfeita!

O uso de recursos específicos estabelece o recorte ao tempo representando com precisão certos períodos.

 

Os sintetizadores evoluíram muito, os mais modernos estão próximos da realidade de timbre que conhecemos em instrumentos acústicos. Mas se atingirem unanimidade no timbre acústico se afastam da marca que a trilha de Stranger Things procurou estipular aos fascinados expectadores. O timbre da década de 1980 é característico.

Os recursos tecnológicos caminharam em direção aos gêneros da música eletrônica, e se renovam ano a ano, influenciaram demasiadamente e na década de 1980 estava em tudo praticamente, e mesmo que sugerindo certa artificialidade sobrevivem hoje.

Ouvir um samba ou qualquer outro gênero brasileiro com um teclado sintetizador com timbre misturado de cravo e órgão era uma aventura, sem dúvidas. Para isso extinguiu-se, mas não na consolidação de um recorte no tempo.

Os responsáveis por estes timbres misteriosos feitos com sintetizadores para a série Stranger Things são Kyle Dixon e Michael Stein, que formam metade da banda

S U R V I V E.

Quem disse que não é possível voltar no tempo?

A trilha de Stranger Things remeteu imediatamente a um jogo do console Atari. E que venho há dois anos procurando incessantemente para consolidar a referência. Será que alguém se lembra?

Para quem nasceu na década de 1970 e até 1980, a cada capítulo de Stranger Things, voltamos no tempo, não é verdade? Agora vamos “De volta para o futuro” ou seria ao presente?

Remeter ao imaginário, transportar, é um desafio até de certo modo simples quando se tem a música como recurso. A música deixa marcas! Vide aí a inteligência dos diretores de Stranger Things que amarraram totalmente a história na década de 1980 entre outros pontos, graças a música!

OPINIÃO

Embora um leigo não perceba, ele está cercado de música. Na sua série favorita, no seu filme, em sua novela, na propaganda. 

Não é raro um comentário maldoso de outros profissionais para um músico, do tipo: você ganha dinheiro como?

Ganhamos dinheiro atuando com a formação de outros músicos, arranjadores, produtores, diretores, compondo, tocando, editando, produzindo trilha. Sabe? Esse elemento onipresente em tudo que é entretenimento e objeto artístico chamado MÚSICA.

Através de uma obra musical transferimos a pessoa no tempo, no espaço, viajamos para o passado ou para o futuro, ou para o futuro e passado conjuntamente. Basta querer, basta fazer música.

Esse brilhantismo, qual outra área profissional possui? São poucos.

Os músicos podem não ter, é verdade, o que se chama de profissão social, aquela que se nota no dia a dia diretamente, como um médico, um advogado, mas feche os olhos e ouça ao seu redor, a música sempre esteve e está aí para ser notada.

#VemProSouzaLima

Publicado em 2 de abril de 2018, ampliado e revisado em 22 de março de 2020.