O que motiva tanta “falação” contra o funk carioca?

O que motiva tanta “falação” contra o funk carioca?

O que motiva tanta “falação” contra o funk carioca?

Nossos leitores pediram e decidi refletir sobre o que motiva tanta falação contra o funk carioca. Nada mais que 800 perguntas em uma semana.

Para mim o motivo principal é frustração, amigos, e claro, o falso moralismo.

Peguemos o caso do Vinheteiro, youtuber com milhões de seguidores, que sente prazer em dizer bobagens sobre o funk. Primeiramente o tal Vinheteiro possui formação musical mínima, sendo apenas um tocador de piano que se comporta como musicólogo e antropólogo. E o pior, tenta se passar até como educador musical.

Já adianto que a internet tem desses problemas: gente que trata opinião como informação séria.

O tal Vinheteiro diz que o funk carioca é uma cópia de um ritmo norte-americano. Patético.

Transcreveu o ritmo e achou que batia as inflexões. Um legítimo incapaz que não compreende que um ritmo – como matriz cultural popular rural ou urbana, é uma composição sim de durações, mas também de timbres e alturas.

O funk carioca tem a dança específica muito similar ao jongo possui a rítmica do maculelê. Conhece Maculele? Isso é Brasil.

Daí vem o cidadão Rick Bonadio postar (pra depois apagar) sobre o funk, e outra vez tentando passar opinião como informação séria. Complicado. Um cara que é produtor, tipo de gente que se espera pesquisa e inteligência, conserva a mente e a biologia de um passarinho.

Inventa em sua postagem em uma rede social, e como se fosse novidade do funk a sexualização na música  brasileira. Uma imbecilidade. Qualquer que seja a pessoa, ou o menor dos cérebros, tem ciência plena de que a música brasileira é repleta de episódios de sexualização desde a CASA EDSON no início do século XX.

Ou vide a “Bossa” citada por Bonadio que tem “Garota de Ipanema” – letra composta por um Vinícius de Moraes – um tiozão na casa dos sessenta anos, sexualizando sutilmente (né?) uma adolescente. Isso é crime inclusive. Levezinho, bossa-nova, ou não? Nada demais.

Mas se fosse sua filha sendo devorada pelos olhos de um sexagenário? Tudo bem?

Esse produtor musical, que limpa a mesa com pano sujo, totalmente sem reflexão passa tentando cravar o que seus olhos moucos vêem como informação séria, ao mesclar possíveis sensos de verdade com sua opinião rasa, por conservar alguma notoriedade. Tosco.

E de um moralismo tosquíssimo.

O funk carioca, que melhor chamar de funk brasileiro, é um gênero musical que cresceu alheio a indústria fonográfica – e por sua lógica a esses produtores cegos. O funk surgiu nos barracões, beirais, lajes e quintais pouco ou nada ligando para as ondas dessa indústria fonográfica tão cheia de mazelas e contradições.

Vide que um cara que nada produziu para cultura brasileira, e outro que o que produziu no Brasil dá até pra discutir se é mesmo música brasileira, querem falar como especialistas em música, em um senso de antropologia, sociologia e musicologia que não possuem.

Pobre Funk Carioca – única música legitimamente brasileira consolidada em solo nacional e internacionalizada, surgida nos últimos 40 anos em nosso país.

E longe de estar falando da Anitta – ela que a meu ver foi uma corrida da indústria fonográfica atrás do bonde do funk.

Passe bem que a falação contra o funk carioca é de uma burrice esplêndida – típica de uma nata azeda e bajuladora.

#VemProSouzaLima