04 abr O que é Long Play?
Uma série que promove um encontro entre gerações! Quem viu um disco de vinil? Ou melhor, viveu um disco de vinil? Alguém ainda sabe o que é um disco de vinil?
A minha primeira memória com discos de vinil remonta meus cinco anos. Meu pai me proibindo de pôr um vinil sozinho, ou long play – não mexer nos toca-discos para não arranhar o aclamado objeto fonográfico, ou pior: estragar a agulha do reprodutor! Era lei aguardar um adulto para fazer tocar o disco!
Claro, que escondido que mal havia? E passei a infância colocando e tirando a agulha do lugar, cada vez mais intrigado. Como o som estava registrado ali? E ainda mais: como ele se projetava nas caixas acústicas?
Nessas experiências descobri o panorama! O stereo sabe? As duas caixas acústicas estavam dispostas em cantos diferentes da sala, e jogava o canto para um lado, e voltava ele pro outro. E claro, caía na gargalhada! Tudo parecia brincadeira é claro, mas não imaginava que se tornaria parte objeto de pesquisa do meu mestrado! Veja só!
A seguir do panorama veio a incrível sensação de equalizar – sobe e desce botão, se divertir do quanto mudou naquele fonograma a voz, a banda, volta, mexe e estranha de novo, o violão com som oco! Era diversão garantida!
Bons tempos esses!
Veja que LP, iniciais para Long Play – um disco de longa duração. Trouxe ao mercado fonográfico brasileiro o conceito de álbum. Fonogramas reunidos, oscilando entre nove e quatorze, comportando aproximadamente de trinta a quarenta minutos de música.
Os discos “Long Play” talvez tenham sido o produto mais importante do mercado fonográfico brasileiro, a partir da década de 1950 até meados da década de 1990. E hoje de certo modo retoma um protagonismo comercial e artístico.
Passou por um período, é verdade, de um item de colecionador, agora é motivo de desejo para artistas e ouvintes apurados.
No mercado fonográfico brasileiros, discos inicialmente, como o objeto EP, eram compilações de fonogramas. Onde uma gravadora coletava dos discos individuais os maiores sucessos de um artista, agora embalados com capa, imagem do artista, título do álbum, pequenos dados técnicos no verso da embalagem – com produção, e nome das composições e respectivos autores.
O LP inaugura a ideia de capa, foto ou imagem do artista, ou do conceito do álbum.
Seguindo este diagrama é possível citar o LP de 10 polegadas: Noel Rosa na voz de Araci de Almeida – com imagem de Noel pintada por Di Cavalcanti, fotografia de Araci de Almeida, título, datado em 1951 – como precursor.
O LP começa a ser produzido, ao invés de resultado de uma compilação, a partir da metade da década de 1950. Os artistas contratados das gravadoras ODEON, RCA, BMG, VICTOR, após RCA/VICTOR, CONTINETAL, ELENCO, PHILIPS entre outras, começaram a produzir álbuns com temas específicos e alguns conceitos estéticos.
A partir do surgimento dos álbuns a equipe técnica necessária para a produção dos fonogramas aparece: entre os quais direção de produção, direção artística, arranjador, equipe de arte gráfica, direção musical e direção de estúdio, técnicos de gravação e mixagem.
Da década de 1950 até o final da década de 1970, três produtos permeavam o mercado fonográfico brasileiro: 1) o disco compacto duplo, com dois fonogramas. 2) o disco EP, com até cinco fonogramas. 3) o disco LP, com até quatorze fonogramas.
Você já teve um LP? Qual? Em que ano está sua primeira memória do famoso Long Play?
Esse divertimento foi extraído da minha dissertação de mestrado “Fonograma: transformações histórico-culturais e tendência tecnológicas no mercado da música popular brasileira” – defendida em 2009.
#VemProSouzaLima
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Publicado em 3 de abril de 2018, ampliado e revisado em 19 de janeiro de 2020.