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Formação teórica é importante para o músico?

Formação teórica é importante para o músico?

A formação musical tradicional é fundamental para o aprendizado do músico! Então a formação teórica é importante mesmo!

Conhecer as estruturas, as escalas, os acordes, os fundamentos da organologia, um instrumento, as técnicas de composição, arranjo e orquestração. O que podemos afirmar é que tão fundamental quanto, porque conhecer elementos teóricos naõ substituem ouvir, conhecer e escutar.

A música se estabelece com valores escritos tanto quanto a partir da oralidade. A música é uma linguagem como qualquer outra. Podemos aprender um idioma falado sem saber ler. Meu avô mesmo, de origem muito humilde, estudou ao que corresponderia hoje ao terceiro ano do fundamental, falava muito bem, de maneira polida, elegante, mas sua escrita era péssima.

Meu avô usou a escola para matemática praticamente, pela permanência parca a escrita fundamentada nunca fez parte dos seus planos de vida. Embora em sua visão sem estudos formais, investiu para estudar seus filhos, ambos com mestrado, e também orientou muito seus netos.

A oralidade ocorre ao conhecer – ver e ouvir. Refletir, aderir a prática, analisar. E a música ou o músico precisa tanto da formação teórica quanto do desenvolvimento profundo da percepção.

Mania absolutamente equivocada de se anular uma a outra. Maneira ignorante que algumas pessoas utilizam para afirmar um defeito seu, como qualidade, se é que me faço entender.

Um instrumentista precisa preencher os valores técnicos que correspondem a formação no instrumento tanto quando os valores estéticos que compõem a consolidação do mesmo ao mercado fonográfico.

Há mais ensinamentos ouvindo a maneira que se tocou violão brasileiro em 120 anos de mercado fonográfico do que nos livros publicados por aí. E não que os livros sejam ruins, são bons.

Mercado fonográfico

A partir do surgimento da Casa Edson no Brasil, primeira gravadora brasileira, situada no Rio de Janeiro, no início do século XX, um vocabulário imenso se estabeleceu em fonogramas de práticas populares – do instrumento, do arranjo, da composição.

Essas práticas, realizadas por músicos que desconheciam os valores da escrita musical, se perdiam nos séculos anteriores, ou se transmitidas pela oralidade, variavam substancialmente – como é habitual nessa espécie de transmissão do conhecimento.

Esses valores presentes no mercado fonográfico devem ser aprofundados pelos futuros músicos profissionais com intuito de se estabelecerem como arranjadores, compositores, instrumentistas e até mesmo educadores.

Os fonogramas nos fornecem profundidade em elementos estéticos que a partitura da música popular muitas vezes ignora.

E mesmo que para um regente de música erudita ou um intérprete concertista, as gravações são fontes primárias para analisar as variações interpretativas. Há o elemento escrito por determinado compositor, e há um número considerável de expressões sobre o contexto da composição musical.

Como negar esse processo como fundamento básico do estudo da música? Como Dica para o futuro músico profissional então?

Com o acesso ao streaming dos dias de hoje a prática do ouvir aos estudantes é muito favorável. Só é preciso ter foco porque o excesso de informação também torna a razão do aprendizado superficial.

Se nos anos 1980, 1990, tínhamos a fita cassete, gravações que fazíamos da rádio FM, emprestávamos LPs, hoje em um clique o estudante tem acesso rápido em qualquer discografia.

Lembre de ouvir registros de todos os períodos! Os atuais, os imortais, os que poderiam ser esquecidos…

Transforme a audição em conhecimento adquirido – transcrevendo aquilo que se ouviu para a seguir tocar.

Vamos em frente! Agora as dicas tem nomes próprios, todos apresentados no TOQUE DE QUEM TOCA, para localizar a série!

Ser músico para mim, como educador, e profissional atuante no mercado do arranjo e da produção musical, é ser completo. É estar atento a todas as artimanhas e variações e necessidades que nós músicos precisamos. Vamos juntos!

#VemProSouzaLima

Publicado em 7 de maio de 2018, ampliado e revisado em 5 de novembro de 2020.