06 set E a trilha da série The Walking Dead?
Confesso que nunca fui ligado em série de TV. Nunca acompanhei sequer uma série famosa até que em uma noite de quinta-feira assisti a um episódio da segunda temporada de The Walking Dead. Comecei como quem não quer nada a prestar atenção ao fundo enquanto trabalhava, olhando de vez em quando, e fui fisgado pela trilha sonora!
De repente toda trilha desapareceu, restava uma respiração afobada, ruídos de água, passos, chão, e mais passos. Estava dentro de casa! Sons diegéticos!
Os ruídos que compõe diretamente o ambiente da trilha, ocorridos dentro da ação da narrativa é o que chamamos de sons diegéticos.
Aquilo me chamou atenção, longos minutos de silêncio, passos, e respiração, cadê a música? As notas organizadas?
Interrompi o que estava fazendo e colei meu olho na tela. E a cena prosseguiu, e ocorria hora ou outra alguma frequência na faixa mais grave que podemos perceber, ali por volta dos 20 a 30 hertz! Pensei até abaixo disso como um pulso corporal, se as televisões fossem capaz de produzir o mesmo que o cinema! O silêncio e uma relação de sons no limite do grave criavam aquela sensação?
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Só sei que aquilo me prendeu atenção. Nunca fui ligado em suspense e a partir dali procurei sons e mais sons de outras trilhas, séries e filmes, e entendi quão bem trabalhada é a trilha de The Walking Dead.
O que explica em proporção, ou move mais um argumento, para a consistência e sucesso da série: não são só zumbis correndo atrás de humanos sobreviventes, há uma trilha interessante por trás disso. Há também certa tese antropológica, mas isso é assunto para um especialista. A trilha ali oferece muito valor a dramaticidade precisa para consolidar uma obra como esta.
A obra musical não diegética beira a abstração com tendência ao atonalismo, mas sublinha partes fundamentais, aciona ataques em momentos de impacto, e sobrevoa a tensão do expectador através das dinâmicas variadas.
Quanta tensão foi colocada a seguir, capítulo por capítulo?
Passei a acompanhar a série pela trilha sonora. O episódio que me ganhou foi o primeiro da segunda temporada na TV paga. Depois procurei os que estavam antes, e os que já tinham sido transmitidos. A série TWD já andava para a quarta temporada.
Não me arrependi. Hoje como estou a atualizando a publicação, confesso que não acompanho, mas valeu a pena enquanto durou!
Toda boa série além de um investimento milionário em roteiros, filmagens, instalações, edições, atores, possui uma trilha fundamental. Diegética na captação ou na proposição dos sons de ambiente real, e não diegética quando composta por canções ou obras de caráter instrumental que grifam ou sublinham as cenas.
Então!
As canções que TWD rememoram uma ideia clássica do cinema faroeste americano, cujo texto reforça o enredo da cena em assunto ou desfecho. Parece a canção certa, sempre.
Sem falar da hemíola na abertura, mas isso é assunto para outra publicação!
Vamos lá! O que te prende na sua série favorita e tem como motivo a música?
#VemProSouzaLima
Quem sabe estudamos produção musical? Saiba mais!
Publicado em 25 de março de 2018, ampliado e revisado em 30 de janeiro de 2020.
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