03 jun De onde vem o violão de 7 cordas?
De onde vem o violão de 7 cordas?
O violão de sete cordas é um instrumento emblemático da cultura brasileira. Antecipadamente é preciso dizer que o Brasil não criou muitos instrumentos, mas aqui redefinimos linguagem. E ao contextualizar o instrumento em nossos ritmos, estilos e gêneros o recriamos.
Com o violão de sete cordas não foi diferente.
O instrumento é responsável por fazer passagens da estrutura composicional – de uma seção A para um seção B, preparações para outros graus, passagens para dominantes secundários, contracantos melódicos, mesmo que seja para o acompanhamento como um todo.
O violão de sete cordas não teve origem no território brasileiro e pouco se sabe sobre sua introdução no território nacional de fato.
A organologia – ciência que estuda os instruementos musicais – cita que a origem do violão de sete cordas é russa do período entre 1890 e 1920, tendo sido desenvolvido com o objetivo de servir à música local com movimentos de baixo marcando o pulso.
Sim, o sete cordas é como uma guitarra russa.
No Brasil, o violão de sete cordas começou a ser usado na década de 1930. Pode ter sido por inspiração e pedido de um luthier.
Meira e Tutti são os patronos do violão de sete cordas, que porém na linguagem atingiu o ápice nas mãos do violonista Dino 7 cordas nas décadas seguintes.
Os movimentos típicos do instrumento e suas preparações que se reproduzem no violão de sete cordas, em espécie vieram da prática do saxofone tenor.
Esses movimentos foram criados por Pixinguinha a partir da substituição, por razões de saúde e fisiologia, de seu instrumento original – a flauta, pelo instrumento mais grave.
No saxofone tenor Pixinguinha desenvolveu um fraseado em região quase idêntica ao violão, que respondia à melodia central do então flautista Benedicto Lacerda realizada o substituindo.
A cada nova frase composta, uma linguagem comum se desenvolvia aderindo ao conjunto de valores musicais que mais tarde estabeleceram o violão de sete cordas do Brasil.
Do choro, a frase e o violão de sete cordas migraram para o samba por meio do tipo de agrupamento conhecido no Brasil como conjunto regional – do grave ao agudo – com violão de sete cordas, violão de seis cordas, cavaquinho e pandeiro. Com solista como bandolim, flauta, clarinete, trombone, voz e outros. Além de complementos rítmicos como bateria, reco-reco e surdo.
No samba, o violão de sete cordas ganhou algumas características novas e foi sutilmente separado do choro, realizando mais frases e menos pontuações de inversões de baixo.
Para o estudo do violão de sete cordas existe um repertório de domínio específico, também vídeos nas plataformas e alguns livros publicados. Entrar na discografia é, sem dúvida, o ponto principal para se desenvolver no instrumento.
Quem deve conhecer?
Muitos arranjos usam essa linguagem para obras e adaptações de outros instrumentos. O que é correto. O mesmo para os compositores. Conhecer essa prática é um excelente passo para fazer música brasileira. Vamos para os estudos.
Foi meu primeiro instrumento, ao me profissionalizar em São Paulo.
(962) Mistura Brasileira (Joca Freire, João Marcondes e Guilherme Lacerda) – YouTube
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