21 mar Tocar mais de um instrumento musical é ruim?
Tocar mais de um instrumento musical é ruim?
Se você tem tempo de se dedicar, tocar mais de um instrumento musical é muito bom.
Eu infelizmente cruzei na minha carreira com um músico que dá aulas, e que não apenas me aconselhou, na verdade me aterrorizou quando eu tinha apenas 17 anos com um conselho questionável.
Segundo ele é impossível se dedicar a mais de um instrumento musical, e que se eu quisesse ser bom em algo eu deveria escolher – aqui nesse momento ele já incluía arranjo, composição, orquestração, e os instrumentos.
No caso dele era verdade, tentou ser bom em tocar um instrumento – lecionando, orientando, compondo e arranjando, no restante, era péssimo. Mas basta observar a indústria fonográfica no século XX e a história da música do século X ao XIX, e encontramos diversos exemplos de bons instrumentistas que também se consolidaram como compositores, ou músicos instrumentistas para mais de um instrumento.
Eu mirei na minha carreira Egberto Gismonti – um compositor que fez canção, música escrita, toca muito bem piano e violão.
E veja que esse mesmo músico acima também questionava minha vocação em compor música com letra. Ele abominava, e segundo ele “trata-se de música menor”. Aos dezessete anos parei de tocar outros instrumentos e até de fazer música com letra.
Até que um amigo me chamou pra tocar guitarra e cavaquinho em uma banda, e eu disse que agora só tocava guitarra, prontamente ele me perguntou o porquê. Expliquei e ele afirmou que tocar esses dois instrumentos era um diferencial, não um problema.
Eu precisava de trabalho, e quando ele me passou o cachê, saí correndo pra comprar um cavaquinho já que havia me desfeito do meu.
Aos dezessete anos eu já tocava violão clássico, guitarra, violão popular, violão de sete cordas, cavaquinho, bandolim e viola caipira, e piano – meu instrumento original. Já compunha letra e música, e temas instrumentais.
Com 18 anos ganhei um prêmio por uma peça sinfônica. E sigo minha carreira leve e feliz.
Veja só o que é a influência de um mal educador. Fuja de gente assim e de regras esdrúxulas.
Na música muita gente trata suas incapacidades como virtude. Algo bem interessante.