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Quem toca jazz toca tudo?

Quem toca jazz toca tudo?

Quem toca jazz toca tudo?

Piada! Quem toca jazz, toca jazz. Eu mesmo recebi um estudante que se formou em uma faculdade que pregava essa baboseira.

Esse estudante já graduado que mencionei não era capaz de acompanhar um cantor com mínimo de coerência estilística em MPB – que nem está tão longe assim do jazz quanto a harmonia, depois de quatro anos vivendo com essa premissa do quem toca jazz, toca tudo.

Um estilo musical é como um idioma. É possível falar que quem fala latim fala tudo? E nesse caso tudo como os idiomas que se ramificaram de algum modo do latim. Óbvio que não.

Essa premissa aí é tão burra que comentá-la é bem complicado.

O estudo do jazz leva um aluno a horizontes harmônicos muito contrastantes com o eixo da indústria fonográfica atual e em plano internacional. Deve ter surgido a partir da consolidação da música popular como objeto de estudo acadêmico.

Como o jazz normalmente tem mais elementos que grande parte da música do centro da indústria fonográfica, estuda-lo concede mais tempo para assimilá-lo, mas uma interpretação jazzística não cabe em uma música sertaneja, obviamente.

A música sertaneja atual exige do músico um vocabulário rítmico importante, que o estudo do jazz na faculdade também não vai trazer.

Fuja de lugares, instituições, professores, que consolidam o estudo de maneira a subjugar gêneros e estilos. Normalmente a essa gente cabe uma definição por tratar-se de pessoas que tratam suas dificuldades ou limitações como qualidade.

Antecipadamente, sabe? Aquela pergunta: você toca bend? Credo. O comentarista não sabe fazer, e você sabe e ele te qualifica desse modo negativamente por saber a deficiência do boboca. Não caia nessa.

Da mesma forma se você entrar em uma faculdade que preconiza o jazz estude-o como linguagem e sem perder a música ou o conhecimento que te movem. O conhecimento não ocupa espaço em megas, gigas ou teras. Some sem nunca subtrair uma expertise.

Um dos músicos mais idiotas que conheci quando eu tinha apenas 17 anos, me falou que eu deveria parar de tocar outros instrumentos, e me dedicar para apenas um – a guitarra onde esse cidadão era meu professor. Eu acreditei como jovem.

E veio a surpresa!

Passado dois anos disso, eu sem tocar cavaquinho e viola caipira, que eu adorava, recebi um convite para integrar o grupo, mas eu teria que tocar guitarra, viola caipira e cavaquinho. Daí comentei com o diretor musical que não estava tocando, expliquei o motivo, e ele me falou que se tratava justamente de um diferencial meu. Sacou?

Assim também distância de quem te limita, simplesmente manda catar coquinho.

Daí um saxofonista, partidário desse blablablá do quem toca jazz toca tudo, foi fazer uma ponta em uma banda de samba-rock que eu trabalhava. Passou a noite inteira perdido, só bola na trave. É uma história que até hoje quando nos reunimos rimos analogamente, dessa premissa boboca.

#PenseNisso