26 set O que é empréstimo modal?
O que é empréstimo modal?
Conversa simples para cada os que já conhecem intervalos, a origem dos acordes, tonalidade, conceito de campo harmônico, funções de acorde e cifras. Você está ciente disso tudo? Se sim, prossiga.
Vamos propor o entendimento de uma tonalidade como um centro gravitacional onde se obtém repouso pleno. Estruturas que oferecem repouso parcial, e estruturas que rotacionam como partículas e as que geram instabilidade.
O repouso está representado pelos acordes de função tônica, com repouso pleno obtido apenas com o I grau. Em um modo maior o III e o VI grau, também possuem função tônica, embora particularmente podem oscilar para função subdominante em algumas circunstâncias.
A função dominante é caracterizada pela presença do trítono da tonalidade. Com ênfase a estrutura composta do V grau no modo maior, e nas escalas que lhe são homônimas menor melódico e menor harmônica. O VII grau do modo maior quando tríade possui o trítono ressaltado, quando tétrade a circunstância o leva a consolidar-se como subdominante.
Então um modo maior possui como graus provenientes de sua escala, como tétrades:
I7M IIm7 IIIm7 IV7M V7 Vsus7 Vim7 VIIØ (sol la si dó ré mi fá# sol)
Como tríades:
I IIm IIIm IV V Vim VIIdim
Uma harmonia estabelece relação muitíssimo próxima com a estética ou estilo de uma composição. Uma composição de harmonia mais simples utilizará tríades, e a cada novo elemento adquire-se certa complexidade. Como uma harmonia baseada em tétrades, um passo além, uma harmonia que utiliza dominantes secundários em mais um passo, ou que usufrui de extensões…
O empréstimo modal é o passo seguinte da expansão de uma percepção da harmonia. E que consiste usufruir momentaneamente de estruturas harmônicas produzidas em uma outra escala. Como é uma utilização momentânea não caracteriza modulação (ação de trocar o modo), caracteriza empréstimo.
Vamos propor a harmonia consolidada no homônimo (paralelo) de sol menor primitivo.
Im7 IIØ bIII7m IVm7 Vm7 bVI7M bVII7 (sol lá sib dó ré mib fá sol)
O uso do bemol nos graus da análise romana se justifica pela alteração que se tem sob as fundamentais de cada acorde na comparação com modo maior.
Observe, por exemplo, que o si é bemol, meio tom abaixo do grau do modo maior, por isso justifica-se o uso do bemol no terceiro grau, bIII.
Vamos começar ouvindo uma música? Para aguçar a percepção!
Agora observando a primeira parte da harmonia da composição Vivo Sonhando, de Tom Jobim, já na melodia, observe:
G7M | G7M | Eb7M/G | Eb7M/G |
G7M | G7M | Bm7 | E7 |
Am7 | Cm7 | Bm7 | E7 |
Am7 | D7 | G7M | Gm7 *D7(9+) na versão de João Gilberto)||
Análise:
I7M | I7M | bVI7M | bVI7M |
I7M | I7M | IIIm7 | V7/II |
IIm7 | IVm7 | IIIm7 | V7/II |
IIm7 | V7 | I7M | Im7 ||
*V7(9+) na versão de João Gilberto)
Nessa estrutura há três fontes: acordes da escala maior (I7M, IIm7, IIIm7, V7), acordes dominantes secundários (V7/II) e acordes oriundos de empréstimo modal da menor primitiva (IVm7, bVI7m e Im7).
Este é o primeiro passo de nossa reflexão! O empréstimo modal pode ser expandido em outras circunstâncias e sobre outros modos.
Siga a publicação, em breve trabalharemos outros conceitos!