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Quero ser músico Entrevista: Roberto Menescal

Quero ser músico Entrevista: Roberto Menescal

Alguns nomes permeiam a formação do músico brasileiro. Ícones. Referências que movem o fazer artístico. E nessa publicação, eu João Marcondes, me senti privilegiado em entrevistar uma referência de nossa música.

Roberto Menescal para mim é um espelho. Admirava sua carreira. Sua versatilidade. Um Produtor! Arranjador! Compositor! Guitarrista! Viveu a época que sonhei um dia viver, era tudo que eu procurava ser no começo da minha carreira.

Roberto Menescal sempre me pareceu, a distância, uma pessoa gentil e amável. Mas é muito mais que isso! Se é do mar, do violão. Da música como cultura e educação. É da gentileza, e refinamento.

O tempo nos reserva surpresas, e hoje Menescal é um amigo de nossa instituição. E para ampliar nossa admiração é um músico que segue entre os mais produtivos do mundo! Uma honra entrevista-lo para a série Quero ser Músico!

O Souza Lima que lançou um PlayAlong (conheça em nossa loja) com Roberto Menescal através de nossa editora.

Eu desejo que essa entrevista contribua com a formação de uma geração por observar o querer ser músico – esse é o ponto! 

ENTREVISTA

Nome: Roberto Batalha Menescal

Cidade Natal: Vitória – Espirito Santo

Ano de Nascimento: 25/10/37

Instrumento: Violão – Guitarra

Formação: Curso de harmonia com maestro Moacyr Santos e orquestração com maestro Guerra-Peixe.

1) Em que ano iniciou sua carreira como músico profissional?

No ano de 1955.

2) Quais áreas atua ou atuou diretamente como músico profissional?

Músico de baile, músico de gravação, compositor – um dos criadores da bossa nova, produtor e arranjador.

3) Como avalia a formação do músico brasileiro no passar das décadas? Como foi sua formação musical?

As coisas vão mudando o tempo todo e você é obrigado a acompanhar as mudanças e fazendo suas escolhas – senão fica pela estrada.

Minha formação além dos estudos citados acima, foi muito baseada nos trabalhos que fiz com os artistas, seja os acompanhando como músico nos seus shows, seja produzindo seus discos, seja compondo com várias pessoas; e também como diretor artístico da gravadora Polygram por 15 anos.

4) Um exemplo de diversificação! O músico brasileiro formado hoje está mais preparado para atender ao mercado de trabalho que nas décadas anteriores?

Tem que estar mais preparado, pois o mercado é muito mais competitivo hoje.

5) Menescal, você é um compositor de destaque, atuou como instrumentista em agrupamentos e álbuns históricos da música brasileira, a seguir partiu para as atividades de produtor e até seguir para diretor de gravadora – como nos contou. Acompanhou altos e baixos do mercado fonográfico brasileiro. Como avalia a guinada mercadológica que a música brasileira passou entre a década de 1980 e os dias de hoje? A música brasileira alinhada a qualidade que despertou interesse internacional acabou?

Tenho uma visão muito particular sobre os momentos da música brasileira de 1980 até hoje. Nos anos 80 estávamos passando pelo fim do século e como todos fins dos séculos – como nos mostra a história, começa uma queda nos valores que eram estabelecidos para que um novo século com suas novidades tecnológicas e culturais venham se instalar.

Como guia do que vai ser esse novo século, o que acho, vai acontecer aí pelo ano 20 à 22. Vamos ver!!!

Quero salientar que isso será um fenômeno mundial e não brasileiro, e que nossa boa música continua muito forte no exterior!

6) Então, como esse artista brasileiro é valorizado no mundo em comparação ao Brasil?

Você tem várias linhas de trabalho ao mesmo tempo, e tem que saber qual a mais interessante para você. Só posso dizer que nunca trabalhei tanto na minha vida.

7) Que excelente! Tenho observado uma renovação em seu trabalho artístico, uma procura por mais improvisações, algo que evoca mais ao jazz. Como é dialogar com a canção tanto quanto com a música improvisada em sua história discográfica? 

Gosto muito de poder experimentar diversas formas de fazer minha música, e por isso jogo com uma diversidade de tipos de música dentro do meu gosto e não fico apenas como “um criador da bossa nova”. A nossa bossa tem andado para frente!

8) Como o compositor Roberto Menescal vê a composição brasileira nos dias de hoje? O senhor acompanha a música brasileira que não está no mercado fotográfico central?

Temos continuado a compor o tempo todo e colocamos nossas músicas nos shows que fazemos, mas sabemos que o mercado de rádio e discos dentro de nossos estilos caiu muito; então é muito mais difícil divulgar um novo tema, mas isso faz parte dessa mudança que estamos vivendo e daqui à pouco tudo vai clarear com certeza. Temos que estar atentos!

9) Quais os projetos artísticos tem preparado agora para nós seus ouvintes atentos? O que podemos esperar nos projetos dos próximos anos?

Primeiramente, neste ano estou trabalhando em vários projetos como nunca havia feito antes, como: “Cazuza em bossa nova” com a Leila Pinheiro e Rodrigo Santos, “O Tom da Takai” com Marcos Valle e Fernanda Takai, “Os bossa nova” com Marcos Valle, João Donato e Carlos Lyra, “Mister Bossa Nova” com o Quarteto do Rio.

Lancei tambem um cd “A Bossa Nova dos B”, e estou gravando um cd com o grupo “Bossa Cuca Nova”, com o título provisório de “Bossa in Blues” e ainda trabalhando em um cd de músicas minhas com Abel Silva, “Uma Parceria Inédita”. Quer mais?

Incrível Menescal. Inspirador!

10) Percebi, particularmente, que nos últimos projetos a sua forma de tocar tem alçado outros caminhos. Menescal, você possui uma rotina de estudos de instrumento? 

Não tenho uma rotina, e nem uma organização nos estudos, os estudos nascem do dia a dia dos meus trabalhos: em shows, ensaios, gravações , e até mesmo vendo o jornal pela TV – fico tocando aleatoriamente.

Que prazer! Caríssimo amigo Roberto Menescal, agradeço a entrevista. 

Inspiradora sua entrevista! Me orgulha saber o quanto produz. O quanto prossegue! E espero encontra-lo em breve.

A contribuição com uma nova geração de músicos profissionais, melhor formada, mais informada, é um legado que com certeza temos em comum.

Grande abraço

Entrevista realizada por e-mail por João Marcondes no dia 23 de julho de 2018.

 

#VemProSouzaLima